sexta-feira, 25 de maio de 2012

Mildred Pierce


Mildred Pierce (2011)
Direção:
Todd Haynes
Roteiro: Todd Haynes, Jon Raymond e Jonathan Raymond (com base no livro de James M. McCain)
Elenco: Kate Winslet, Brían F. O’Byrne, James LeGros, Melissa Leo, Mare Winningham, Guy Pierce, Hope Davis, Evan Rachel Wood, Morgan Turner, Quinn McColgan

 
Mais uma belíssima produção da HBO! A minissérie “Mildred Pierce” é baseada no livro homônimo de James Cain e dirigida por Todd Haynes. O livro foi escrito em 1941, virou um filme clássico, “Alma em Suplício”, em 1945. Foi indicado a seis Oscar e ganhou o de melhor atriz para Joan Crawford. Algumas críticas americanas afirmam que a minissérie é mais fiel ao livro que o filme. Eu assisti apenas à minissérie.

A história de “Mildred Pierce”, muito bem representada pela Kate Winslet, é contada em cinco episódios. Para entender melhor a personalidade de Mildred devemos contextualizá-la à época. 1931, Califórnia. Época na qual à mulher era permitido apenas o mundo privado, ser dona de casa, mãe e esposa. E, a sexualidade tinha de ser reprimida pela moralidade religiosa da época. Historicamente, é o período seguinte à Grande Depressão Americana – maior recessão econômica nos EUA.

Neste contexto, Mildred decide se divorciar de Bert, o marido adúltero. Agora está sozinha com duas filhas para criar. Sem formação e sem trabalho para seu sustento. Após diversas procuras por emprego, pois mesmo sem formação não aceita qualquer posição, começa a trabalhar como garçonete para poder sustentar suas duas filhas pequenas, mesmo tendo vergonha e escondendo seu emprego de todos.

Aqui começam a aparecer as dualidades de Mildred. Orgulho e Fraqueza, por exemplo. Da determinação e do sacrifício, a mãe que faz o possível e o impossível pelas filhas, vai de garçonete à mulher de negócios. Porém, uma mulher emocionalmente imatura e facilmente influenciada.

Começamos a assistir ao antagonismo entre mãe e filha. No caso, Veda, a filha mais velha, dissimulada e arrogante. E seu envolvimento afetivo-sexual com Monty, representado por Guy Pearce, um homem irritantemente esnobe e sexy. É impressionante como Mildred deixa-se manipular por sua filha Veda e por Monty. Tamanha dificuldade em se relacionar com a filha Veda, há um distanciamento entre mãe e filha.

Assim, num ritmo lento, assistimos ao drama (como sofre Mildred Pierce!) da vida de Mildred e sua sexualidade transbordante. Sua descoberta como ser desejante e desejável. Uma mistura de gênero, sexo e poder nas relações. Um bom exemplo de reorganização da vida e de como tornar-se protagonista da sua própria história.

Vale ainda ressaltar que ficou muito bem feita a reconstituição da época no sul da Califórnia e também as roupas. Belos figurinos.

Prêmio:
Kate Winslet ganhou o prêmio de Melhor Atriz de Minissérie ou Filme Para TV no Globo de Ouro 2012.