quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Amante

Título Original: The Other Man (2008)
Direção: Richard Eyre
Roteiro: Bernhard Schink, Richard Eyre, Charles Wood
Gênero: Drama
Origem: Estados Unidos/Reino Unido
Duração: 90 minutos

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Sinopse:
Peter (Liam Neeson) e Lisa (Laura Linney) estão acomodados na tranquilidade de seu extenso matrimônio. Lisa é uma renomada designer de sapatos, enquanto Peter dirigi sua própria companhia. Na noite da festa de lançamento da ultima coleção de Lisa, ela parece evasiva e estranha. "Nunca desejou ter a oportunidade de ficar com outra pessoa?", pergunta ela. Logo depois desaparece. Desesperado, Peter luta para encontrar respostas e segue uma pista até a Itália. Ali se encontra com Ralph (Antonio Banderas), um homem astuto e encantador que é, claramente, o amante de Liisa. Mas Ralph tem seus próprios segredos.
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Com a chegada ao Brasil de sites de infidelidade como o second love (http://www.secondlove.com.br)  e o Ohtel (http://ohhtel.com), cujo objetivo é facilitar a traição juntando pessoas sexualmente compatíveis, o tema Infidelidade se tornou mais recorrente em meus atendimentos clínicos.

Rondada hoje pela temática da traição, dado meus atendimentos a casais, resolvi chegar em casa, abrir um bom vinho (a quem possa interessar, o vinho português Muros de vinha – Douro (denominação de origem controlada) – “vinho de cor granada, com aromas de compota e canela. De longo final com a madeira em perfeita harmonia com a fruta”). E, assistir ao filme O amante (2008).

Num clima de suspense, bons atores como Liam Neeson, Antonio Bandeiras e Laura Linney contribuíram, de forma lúdica, para ilustrar minha visão sobre o assunto e repensar o tema – Traição. Infidelidade. Adultério. Chifre.

Alguma novidade sobre o tema? Talvez não, mas o filme retrata a combinação entre a ficção e a realidade enquanto comportamentos e sentimentos. A decepção, o xeretar, a desconfiança.

“Você conhece alguém. Se interessa. 
Tem a oportunidade. E tem a opção”.


Outro filme com a mesma temática:


Um dia


Título original: One Day (EUA, 2011).
Duração: 108 minutos
Gênero: Drama / Romance
Direção: Lone Scherfig
Roteiro: David Nicholls



O filme Um dia é uma adaptação do livro homônimo do inglês David Nicholls.

15 de julho de 1988. Emma e Dexter se aproximam após a festa de formatura. E, durante a madrugada conversam sobre seus sonhos e planos futuros. É o início de uma bela amizade. E do amor.

Entre risos e lágrimas assistimos a construção da vida deles e de seus próximos. O filme é tão envolvente que não teve como eu não me lembrar das minhas escolhas na vida. 

Vemos, ainda, a composição do relacionamento entre Emma e Dexter e suas vidas trilhando caminhos diferentes. Mas, um dia por ano, aniversário do dia em que se conheceram, 15 de julho, eles têm o compromisso de se encontrarem.

A narrativa do filme o torna gostoso de assistir. Participamos, em flashes, de entendimentos e desentendimentos, de oportunidades aproveitadas e perdidas e por fim, de esperança. São 20 anos de alegrias e tristezas. A nossa vida.

Um dia fala sobre Perdas, Amizade e Amor. Sobre como nos sentimos durante os anos. Durante nosso crescimento e amadurecimento pessoal e profissional.

Você pode passar a vida inteira sem perceber que

aquilo que procura está bem na sua frente.

 

Confira o primeiro capítulo do livro ‘Um Dia’


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Closer - Perto Demais


Título original: Closer
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Mike Nichols
Atores: Natalie Portman, Jude Law, Clive Owen, Jaclynn Tiffany Brown.
Duração: 100 min
Gênero: Drama
Closer Perto Demais Trailer LEGENDADO

Sinopse
Anna (Julia Roberts) é uma fotógrafa bem sucedida, que se divorciou recentemente. Ela conhece e seduz Dan (Jude Law), um aspirante a romancista que ganha a vida escrevendo obituários, mas se casa com Larry (Clive Owen). Dan mantém um caso secreto com Anna mesmo após ela se casar e usa Alice (Natalie Portman), uma stripper, como musa inspiradora para ganhar confiança e tentar conquistar o amor de Anna.

O que causa mais ciúmes: traição sexual ou emocional?
Por Ailton Amelio

Recentemente revi um filme que fez muito sucesso em 2004/2005: “Perto Demais” (“Closer”)1. O enredo desse filme trata da mulher de um médico dermatologista que desenvolve um caso com um escritor principiante. Este caso começou quando ela estava separada do marido anterior e ainda não havia se envolvido com o médico. Ela é uma fotógrafa bem sucedida e vai fotografar o escritor para ilustrar a capa do seu livro, que está para ser lançado, e acaba se envolvendo com ele. Durante o período mostrado no filme, eles continuam o caso, embora agora ela já esteja casada com o médico e escritor, com uma moça que já foi stripper.
O mais interessante dessa história, para este artigo, é a estratégia ardilosa do médico para reaver a esposa e se vingar do escritor: ele pressiona a ex-esposa para dormir com ele pela última vez. Ele argumenta que ela deve-lhe isso pelo tempo que o enganou, para que ele deixe de procurá-la e, principalmente, para que ele lhe conceda o divorcio. Ela cede. Ele também procura a ex do escritor, que a esta altura voltou à profissão de stripper, e consegue dormir com ela. Assim tira a possibilidade do escritor se consolar com a sua ex quando ele quando ele perder a mulher do médico!
O médico calcula, acertadamente, que essas duas mulheres não deixarão de revelar para o escritor, no devido tempo, que dormiram com ele e que o escritor vai querer saber os detalhes sexuais desses episódios. Elas, como não sabem da importância da traição sexual para os homens e porque são sinceras, contarão tudo, o tornará inviáveis os seus relacionamentos com o escritor (Não vou contar aqui outros detalhes para não tirar o seu prazer de assistir esse filme).
O ponto desse filme que quero ressaltar aqui é a importância da traição sexual para os homens. O médico sabe induzir direitinho esse tipo de traição nas duas mulheres que parecem não se darem conta do quanto isso afetará o escritor e acabam por confessar-lhe o ocorrido e, o que é pior, relatam todos detalhes sexuais dos encontros.
Este filme ressalta indiretamente uma pergunta cuja resposta tem sido bastante pesquisada, mas que ainda está sujeita a polêmicas: “Os homens geralmente têm mais ciúmes da traição sexual e as mulheres, da afetiva?”.
Existem diversos estudos sobre este fenômeno. Em um deles, David Buss e colaboradores2 procuraram avaliar as reações de homens e mulheres diante de uma traição sexual e de uma traição afetiva. Pediu aos participantes da pesquisa que imaginassem duas situações: na primeira o parceiro estava praticando sexo com uma rival e na segunda, ele estava se envolvendo afetivamente com ela. Para avaliar as reações a estas duas situações, os pesquisadores entrevistaram os participantes após imaginarem cada um destes tipos de traição e monitorarem varias de suas reações fisiológicas (usaram eletrocardiogramas, eletroencefalogramas, medidores de pressão etc.) enquanto imaginavam seus parceiros cometendo cada um dos dois tipos de traições.
Os participantes apresentaram fortes reações aos dois tipos de traição. No entanto, os homens tendiam a reagir mais fortemente à traição sexual e as mulheres, à afetiva.
No meu consultório tenho observado um padrão claro de reações de homens e mulheres traídos: quando são os homens que traem, as suas mulheres tentam determinar, arduamente, quanto de envolvimento houve, quão ameaçadora é a rival (bonita) e se o parceiro pretende deixá-las pela amante. Os homens que traem e não pretendem deixar o relacionamento tentam passar a versão que foi só sexo, o que na maior parte das vezes é verdade. Quando são as mulheres que traem, seus parceiros ficam obcecados pela traição sexual e dão bem menos importância para o envolvimento afetivo. Eles ficam obcecados pelos detalhes sexuais da traição e elas, muitas vezes, ingenuamente os relatam, principalmente por não calcular o impacto que isso terá nos parceiros. 
A traição feminina é considerada mais perigosa do que a masculina para a sobrevivência do relacionamento porque ela geralmente envolve as duas coisas: afeto e sexo, ao passo que a masculina muitas vezes envolve apenas a atração sexual. Essa diferença ocorre porque as mulheres geralmente só traem com alguém por quem sentem alguma coisa e que tem características para serem seus parceiros para outros tipos de relacionamentos.
A teoria que melhor explica o maior grau de preocupação masculina com a traição sexual de a feminina, com a traição afetiva é a teoria psicobiológica que vamos examinar agora.

Homens são obcecados pela traição sexual e as mulheres, pela afetiva
Segundo a teoria psicobiológica, o que explica esta obsessão masculina pela traição sexual da parceira é a incerteza da paternidade: o homem nunca está seguro que é o pai. Caso o homem não se preocupasse com a fidelidade sexual da esposa, ele correria sérios riscos de investir todos os seus esforços em filhos de outros homens e não nos seus próprios filhos. Aqueles homens que agissem assim provavelmente não passariam os seus próprios genes para as gerações seguintes. Mesmo que estas preocupações estejam presentes, ainda assim existem estimativas, calculadas através de testes genéticos de paternidade, que cerca de 10% das crianças não são filhas dos pais presumidos. Os autores da teoria psicobiológica afirmam que esta preocupação com a paternidade está instalada nos genes, pois aqueles homens que não a possuíam não deixaram descendentes.
As mulheres, por outro lado, quase nunca têm dúvidas de que são as mães de seus bebês (a troca de bebês em hospitais não existia naquela época!). Suas preocupações säo de outro tipo: elas se preocupam com a possibilidade dos seus maridos se envolverem com outras mulheres, o que aumentaria as chances deles as abandonarem para ficar com o novo amor e, desta forma, cessarem ou diminuirem suas contribuições para a criação dos filhos que tiveram juntos (no Brasil, quase noventa por cento dos filhos ficam sob a guarda das mulheres quando há separação).
Além dessas possíveis motivações biológicas, a sociedade também amplifica os significados da traição sexual por parte das mulheres e das traições afetivas por parte dos homens. As condenações cruéis e cruentas que as mulheres são submetidas em várias sociedades quando säo pegas traindo são um exemplo desse tipo de amplificação.
Portanto, o médico do filme “Perto Demais”, soube como tornar intolerável para o escritor o seu relacionamento com as duas mulheres: acionou nele o pior dos ciúmes para um homem – a traição sexual.  O fato das mulheres revelarem todos os detalhes do sexo que praticaram com o médico tornou tais traições ainda mais insuportáveis para o escritor.

Notas:

     1.  Filme: “Perto Demais”. Título original: (Closer). Lançamento: 2004 (EUA)

2. Buss, M. D. (2000). A Paixão Perigosa. São Paulo, Editora Objetiva (ver pesquisas sobre este tema no capítulo 3: “Ciúmes em Marte e Vênus”)

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Fonte: http://ailtonamelio.blog.uol.com.br